segunda-feira, 7 de maio de 2007

Ululante


Justiça seja feita: este autor se entrega aos braços da obviedade, não por preguiça ou falta de imaginação, mas por não fugir da relação direta das coisas da vida, ou da morte. Falamos de justiça, logo, envolvemos vida e morte.


Falo, antes, de um homem, canta-se o homem (mesmo isso sendo um blog e não um baile gay), filma-se o homem, desenha-se o homem em quadrinhos vendidos por R$6,90 ao mês nas melhores bancas, e nas piores também.


The punisher, el justiciero, o justiceiro. O homem que vai defender a cidade, os pobres cidadãos, seja lá qual for seu motivo, mesmo que seja a música "El Bodeguero" de Nat King Cole ("Tomo chocolate, paga lo que deves), o cavaleiro fará justiça.


O homem que perdeu a família numa guerra de gangues, o anti-herói dos quadrinhos que perdeu a linearidade de sua história devido a uma filmagem de Hollywood, com uma produção meia boca.


Os homens têm seus motivos, mortes que já ocorreram e, posteriormente, mortes que tenta-se evitar. O mundo está estranho, mata-se, hoje, não pela justiça, mas pela... pelo quê mesmo?


A justiça que nem é justiça, não sei se existe uma justiça ("Nem quando é pelas próprias mãos", segundo os Titãs). Mas será correto dizer que o mundo está perdido? E quando este esteve encontrado, quando esteve achado, nunca, mas sempre descoberto e coberto de sangue.


O sangue lava a honra, mas não existe tanta honra para ser lavada com tanto sangue. O racionalismo caiu sobre uma banca de jornal, as borrachas estão nos pneus que atropelam e nas balas que afastam pouco, machucam tanto e não são doces.


A música fez uma atuação numa noite turbulenta, o justiceiro atua para tentar salvar, mas causa mais tumulto. A justiça é feita pelas próprias mãos, ou pelas próprias armas, mas nunca por uma pessoa, quando ocorre já não é mais humano.


O sol raia, eles se encaram, os olhos apreensivos, as mãos trêmulas (de tanta pancadaria), o momento é tenso, ele saca e atira, ele saca e canta, eles catam e saqueiam, o cinza concreto se alegrou por alguns momentos e depois silenciou. A pedra, antes firme, agora sangra.

3 comentários:

Anônimo disse...

Voltamos àquela velha frase clichê: um erro não justifica o outro. Será? Na minha opinião, não se justifica, de jeito nenhum. Mas vai falar isso pra quem acabou de ser traído, quem acabou de ver a morte do pai por um assassino, enfim, é fácil falar. Acho que todos deveriam contar até dez, mas no primeiro milésimo de segundo... mais um erro.

Beijos Renantila!

Anônimo disse...

Renaaaan!! Olha a Lette aqui! hahahaha
O seu título me lembrou uma frase de um gibi (olha só a ligação, pegou, pegou??): "O óbvio ululante que pulula nas mentes humanas" hahahahaha!
Queridão, você é sensacionaaal!
E a chinesa tbm, comentarei assim que ela postar! =P

Beijossss, amores todos desse blog! =***

Paranóia Paulistana disse...

rs..renan, se eu não gostasse de vc, não gostari pelos seus textos. Não pela qualidade deles, são bons. Mas ordinarios.Ou sou eu que ñ os entendo.
este, que eu li todo, está muito bom.
A justiça numa democracia é um conceito muito vago. Mas, sempre político.
Gisele Brito