sábado, 31 de março de 2007

Garrincha: sempre igual, tão diferente

Eis que, de repente, ele pára. O adversário, também. A torcida se cala. E, por alguns segundos, nem parece uma tarde de futebol no Maracanã. O marcador, aflito, sabe que ele vai correr para a direita – afinal, era sempre assim. E ele corre mesmo. Só que o rival fica para trás. Mais um. E outro. Até que ele cruza, a torcida se levanta e comemora. É gol do Botafogo!

Muitos de nós sequer o vimos jogar. Talvez nossos pais, sim. Nossos avós, com certeza. Fato é que o protagonista do lance que abriu este texto se tornou um dos maiores mitos dos gramados brasileiros. O maior da história do Botafogo de Futebol e Regatas. Deu duas Copas do Mundo ao país, as de 1958 e 1962, além de outros tantos à torcida rubro-negra.

Foi batizado como Manuel Francisco dos Santos. Mas, para a família, era ‘Mané’. Para a torcida, o ‘Anjo das Pernas Tortas’. Para todos, Garrincha. Apaixonado pela bola, pelos dribles, pelo show. Em nome de todos que o viram e que não o viram, mas que o respeitam até hoje, 24 anos depois da sua morte, Vinícius de Morais antecipa a jogada...

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé-de-vento!


... e Carlos Drummond de Andrade completa, de primeira:

Se há um deus que regula o futebol, esse deus é, sobretudo, irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios.

Garrincha só perdeu um jogo na vida – para o álcool, aos 50 anos de idade. Mas, como suas pernas tortas, esse foi mero um detalhe. Não virou herói porque tinha essa fraqueza. No entanto, viveu como todos nós. Intensamente. Virou livro em 1963 (Garrincha, alegria do povo), foi homenageado no Carnaval de 1980 e, em 2003, foi para o cinema como Garrincha - Estrela Solitária.

quarta-feira, 28 de março de 2007

"Do you want a new life?"

É muito provável que poucas pessoas reconheçam essa foto e, até mesmo, que conheçam o diretor do filme. "Time" de Kim Ki-duk, um sul-coreano, brilhou nas nossos telões no ano passado. Exibido naqueles complexos que todos aclamam por sempre passar filmes intelectuais, alternativos, teve suas salas lotadas em praticamente todas as semanas que esteve em cartaz.

Trazendo uma forte crítica à sociedade, acabou não sendo tão bem recebido em seu país de origem. Motivo: lá, as operações estéticas são muito mais corriqueiras, muito mais fáceis, baratas e procuradas.
O título do post é a frase estampada em uma clínica assim que começa o filme.

A personagem principal consegue retratar exatamente isso, ao fazer uma mudança total em seu rosto por acreditar que não era atraente, o suficiente, para o seu namorado. Ela some e reaparece trabalhando como garçonete em uma lanchonete que o casal frequentava. Ali consegue chamar atenção de seu ex namorado, que após algum tempo, toma conhecimento de quem era ela o tempo todo.

Para não contar o filme todo, não acho necessário falar que no final ele também se submete a uma cirurgia que modifica toda a sua face, pior: ele acaba falecendo ao fugir da mocinha. Oops, acabei contando. Mas por uma boa explicação: todas as pessoas adoram ir ver os tais filmes alternativos. Adoram acreditar que vão entender cada segundo do filme, que vão absorver cada lição de vida...se é que elas realmente existem.

No final das contas, nós também podemos estar nos enganando, utizando de máscaras de intelectuais, nos escondendo. Mas se tudo na vida tem uma parte positiva, essa é que, ao menos, não estamos gastando fortunas com operações que não vão nos levam a lugar nenhum. E afinal de contas...precisamos mesmo de uma nova vida?

terça-feira, 27 de março de 2007

Ayrton Senna do Brasil


Quem não sente saudades das manhãs de domingo? Quem não se emocionava e ainda se emociona quando em qualquer competição ganha pelo Brasil se ouve a música tema da vitória?

Pois bem, tudo isso ganhou vida graças há um dos maiores esportivas do país e quiçá do mundo. Mesmo após treze anos de sua morte, é impossível esquecer todas as emoções proporcionadas por Ayrton Senna, um brasileiro perfeccionista e obstinado por vitórias. Sua memória continua viva, não só pelo seu talento ao volante, mas também pelo exemplo que deixou de humildade, dedicação e integridade para todos nós brasileiros.

Ayrton iniciou sua ascensão quando chegou à equipe Lotus. Sua primeira vitória na categoria ocorreu no circuito de Estoril, em Portugal, debaixo de uma tempestade, foi a partir daí que ganhou o apelido que sempre o acompanhou: o "Rei da chuva". Detalhe interessante é que Senna sempre quando chovia, pegava seu kart e ia treinar para aprimorar sua pilotagem para quando tivesse competindo.

Foi só aparecer para o mundo do automobilismo que Senna despertou o interesse de uma das maiores equipes da Formula 1, a McLaren. Lá ele conseguiu seus três títulos mundiais e protagonizou disputas inesquecíveis com o Francês Alain Prost. Nos dois anos que estiveram juntos na escuderia, tiveram disputas incríveis e o saldo desse pega foi: Senna campeão em 1988 e Prost em 1989, título tirado de Senna nos bastidores, pois a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), alegou que Ayrton fez uma ultrapassagem irregular e o desclassificou da GP do Japão.

Em 1990 com a saída de Prost para a Ferrari, acabaram as brigas internas e Senna conseguiu ainda mais dois títulos, em 1990 e 1991. Em 1994, Senna troca a McLaren pela Willians, e foi esse o ano de sua fatídica morte. Apesar de fisicamente ter nos deixado, ficou eterno na lembrança de todos os brasileiros, uma referência quando se fala em vencer na vida, um exemplo para todos.

Tudo isso e muito mais está bem relatado no documentário "Uma Estrela Chamada Ayrton Senna". O filme traz passagens desde seu início no kart até chegar a F-1. Depoimentos emocionantes de familiares, amigos, chefes de equipe, colegas de infância e até dos rivais, inclusive Prost, o maior deles. De forma exclusiva, Senna revela seus valores pessoais, experiências profissionais, táticas, preocupações sobre o risco do esporte e momentos controvertidos.
No filme, amigos e pessoas que conviveram com ele mostram um outro lado do grande ídolo. Uma produção imperdível para os amantes do esporte. Quem já viu com certeza se e emocionou com a história desse grande campeão, um brasileiro que sempre trouxe alegrias, que fazia todos nós acordarmos nas manhãs de domingo para festejar mais uma possível vitória, um verdadeiro brasileiro, Ayrton Senna da Silva, Ayrton Senna do Brasil.

domingo, 25 de março de 2007

Maldição



Quem não é muito novo deve se lembrar. Por favor não pensem que estou chamando os outros de velhos, apenas não são tão novos assim, mas se viram, por favor digam-me que não é locura.

Algo que vi nesses dias me fez acessar aquele nosso arquivo mental, provavelmente que fica na nossa nuca, meio empoeirado, onde jogamos aquelas coisas que nos incomodam ou que não entendemos e decidimos não mexer mais. Foi desse arquivo que saíram alguns filmes.


Alguém já teve a sensação de se sentar na frente de uma tela, seja de cinema ou da tv de casa, assistir a algo durante cerca de duas horas e sair com a impressão de que você é a pessoa mais burra do planeta? Sim? Obrigado!


Temos o costume de nos esmorecer frente a algumas obras artísticas só porque ganharam prêmios, o costume de achar que nós é que não entendemos quando, na verdade, se muita gente não entendeu é porque a linguagem não era clara, não defendo, porém, a obviedade, mas pelo menos que forneçam elementos suficientes para se entender a história, o que a obra passa e coisas assim.


Em 1988 lançaram um dos filmes mais estranhos, cheios de efeitos e coisa e tal, mas nada chegou a explicar exatamente que diabos era aquilo, estou falando de MOONWALKER, com o devorador de crian... (desculpe, frase censurada por ser um blog jornalístico onde não se fala de informação não confirmada). Estreado por um artista pop muito famoso que quer representar todo tipo de etnia ao mesmo tempo.


O filme tem uma coreografia legal, os atores são péssimos, as danças entretêm por alguns minutos, mas só isso e robôs prateados não seguram um roteiro. Não é só porque classifica-se um filme de "musical" que ele perde totalmente o vínculo com a realidade e cronologia. Akira Kurosawa, em seu filme Sonhos, têm vínculos bastante peculiares com o real, mas mantém uma narrativa em oito tipos diferentes de filmagem, por assim dizer, takes bons, mas alguns...


Moonwalker é apenas um deles, outro que me deixou confuso foi Mistérios e Paixões, de 1991, de um diretor até que bom - David Cronenberg. Esse provém de um romance já um tanto surreal, mas nem por isso precisava acabar com duas horas da minha vida. O que impressiona é que, em moonwalker, por exemplo, foram tres diretores, que não conseguiram fazer o trabalho de um (Jerry Kramer, Jim Blashfield e Colin Chilvers). Os outros podem ser perdoados, estavam sozinhos na direção, como Olaf Ittenbach que filmou Legião dos Mortos (em 2000).


O ano passado fiquei bravo com uma amiga que me levou pra gastar dinheiro no Árido Movie, de Lírio Ferreira. Um filme com história principal secundária e histórias secundárias que nem histórias eram, uma tristeza. O reteiro de Árido Movie teve seis tratamentos diferentes até a finalização, só posso concluir que, ou trataram demais, ou faltaram mais umas quinze, mesmo com suas indicações a prêmios e etc... não me convenceu.


Numa outra área, mas também na de filmes ruins vem o tal de Deu a Louca em Hollywood, de Jason Friedberg e Aaron Seltzer. Dois dos que participaram do Todo mundo em Pânico fizeram sua obra em 2007: um filme sem graça, com piadas que até poderiam ser boas se mudassem as câmeras, atuações e, principalmente, o tempo. Não critico a história em si, pois filmes de comédia desse tipo que querem tirar sarro de todos ao mesmo tempo têm a triste tarefa de juntar piadas esparsas sob um roteiro frágil, nesse caso nem as piadas valeram a pena.


Estou com medo de colocar os pés no cinema ou locar um DVD. Pra quem quiser tentar, boa sorte...

sábado, 24 de março de 2007

Coliseu, o palco dos gladiadores


Hoje, o Coliseu é uma “mera” atração turística. E as centenas de pessoas que passam bem do lado dele todos os dias certamente não param para pensar no que, um dia, esse gigante adormecido representou para o Império Romano. Por fora, uma arena semi-destruída. Por dentro, cadeiras em ruínas e um chão de terra mal-tratado. Pois é, durante quase sete séculos, naquela mesma Roma Antiga, esse foi o cenário da saga pela vida de alguns prisioneiros de guerra, escravos e criminosos mais conhecidos como gladiadores...
Mas o famoso Coliseu não era o único palco dos gladiadores. Sozinhos ou em pares, eles lutavam entre si e até contra animais ferozes – geralmente leões -, tendo como peça de defesa e, ao mesmo tempo, de ataque, apenas espadas de madeira. Primeiro, todos eles iam para o centro e se apresentavam ao público. Depois, ensaiavam golpes e, quando um clarim soava, os verdadeiros combates começavam. Aí, a platéia romana delirava!
O ápice acontecia quando um dos gladiadores, feridos, erguia o dedo indicador para o estádio em busca de clemência. Em poucos segundos, decretava-se a sua sentença de vida ou morte. Contudo, durante boa parte da República (VI a.C. – I a.C.) era o imperador quem dava a última palavra. Desses, os mais cruéis eram Cláudio, Calígula e Nero. No tempo de Júlio César, por exemplo, havia 300 pares de lutadores. No de Trajano, 5.000. Já Augusto permitia só 120 pares duas vezes por ano.
A “arte” de gladiar apareceu pela primeira vez na Etrúria, um lugar antigo da Itália, em 264 a.C., e reuniu três pares de gladiadores. Daí por diante, esse “esporte” caiu no gosto de outras civilizações européias, mas em nenhuma outra ele foi tão popular quanto na romana. E, mesmo após a atividade ter sido proibida pelo imperador Constantino I em 325 d.C., alguns heróis ainda teimavam em deixar suas pegadas no velho Coliseu...

sexta-feira, 23 de março de 2007

O jogo que não se pode jogar


"Uma discussão de fundo sobre o tipo de sociedade a que a comunicação massificada está nos levando não pode se basear em estatísticas de audiência. (...) Talvez o fascínio das telenovelas, do cinema melodramático ou heróico e dos noticiários que transformam eventos estruturais em dramas pessoais ou familiares se assente não apenas em sua especularidade mórbida, como se costuma dizer, mas no fato de sustentarem a ilusão de existência de sujeitos importantes, que sofrem ou realizam atos extraordinários.”
(“A Globalização Imaginada” - Néstor Garcia Canclini)

“Eu não vou falar de amor, E nem vou falar do tempo, Eu não vou dizer nada, Além do que estou, dizendo”.

Preciso escrever mais alguma coisa? Preciso. Tá bom...

... vou falar, então de... há um caminho da especulação pública a ser compreendido, que me leva diretamente aos famigerados reality shows: aqueles programas de costumes da vida alheia e pública. Lá fica o velho oeste. Vilões e mocinhos se enfrentando. Personalidades são exaltadas e editadas. Um jogo injusto. Por que carga d' águas transformam o bom jogador em vilão? Porque se esquece que é um jogo e acha-se que é “vida real”. Os melhores jogadores nunca vencem pois são taxados de “jogadores” - vejam só que coisa - manipuladores da situação que seja mais favorável e que leve ao um milhão de reais. Não é essa a intenção do jogo?! E os bons samaritanos e pobrezinhos dos maus jogadores, que não sabem jogar, só causam polêmica porque são ingênuos. Até, porque quem faz um vídeo dançando, pulando, cantando e etc para ingressar lá, realmente é muito pacato. Eu é que sou esperta que não fiz o vídeo e não fui tentar a sorte de ganhar um milhão ou ficar sumária e efêmeramente famosa. Vamos dar nome ao boi? BB(B), Big Brother (BRASIL - q feliz coincidência “nosso” nome começar com B, não?!). Qualquer intenção de cobiça pelo prêmio ou estratégia de jogo é proibida, imoral ou engorda! Os mocinhos, bons “jogadores” são aqueles que incitam um triângulo amoroso, mas não combinam voto de jeito algum. E o vilão é o oponente estrategista, fiel ao jogo e ao objetivo inicial de todos: ganhar um milhão de reais. Parece mesmo um filme de cinema, hahahaha. Aí, já não sei mais se é a edição que ferra com o programa ou se é a bendita especulação falso-moralista de quem assiste e vota. Deu pra entender? O BBB é um jogo que não se pode jogar.

Trecho de música: Titãs - Eu Não Vou Dizer Nada

quinta-feira, 22 de março de 2007

Mau tempo para a juventude



Em vez de brincar no bosque com os companheiros
meu filho se debruça sobre livros
E lê de preferência
sobre as negociatas dos financistas
E as carnificinas dos generais.
Quando lê que nossas leis
Proíbem aos pobres e aos ricos
Dormir sobre pontes
ouço sua risada divertida.
Quando descobre que o autor de um livro foi subornado
ilumina-se seu rosto jovem. Eu aprovo isso.
Mas gostaria de poder lhe oferecer
uma juventude em que ele
fosse brincar no bosque com os companheiros.

Bertlod Brecht
poeta e dramaturgo alemão.


Incrível lermos coisas 'antigas' tão atuais para nossa época, se Brecht não foi metafórico em algumas frases, podemos ser e aplicá-las claramente ao nosso contexto. Um poeta é sempre tão atual quanto um jornal diário, basta que tenhamos um olhar delicado e aguçado para compreendermos suas palavras que alguns teimam em chamar "descontextualizadas".

Agora, porque um mau tempo? Hoje, diferentemente do narrado pelo poema, o que acontece não é exatamente a indiferença pelos seres humanos, mas pelas idéias em si. Pra quem assistiu V de Vingança a `piração` será clara. O valor de uma idéia.

"Os homens morrem, mas as idéias não morrem jamais, eu sou uma idéia".

Essa é uma das mais belas e coerentes frases `declamadas`pelo vingador com a máscara mais interessante que eu já vi, com aquela expressão cínica que ao mesmo tempo que caçoa, passa uma sensação de dor constante.
O filme que lembra muito o livro de George Orwell, 1984, trata de um governo que manipula, e de pessoas que se acostumaram tanto a viver em um regime opressor que se sentem à vontade. Interessante é ficarmos na dúvida quando questionados sobre o fato de vivermos ou não isso de uma forma ou de outra...

Se hoje o governo não comete carnificinas, até que as esconde muito bem atrás de nomes como `polícia federal`, `polícia tática` e `batalhão de choque`. Mas o maior problema não é o físicos, e sim, a questão da estagnação de idéias, aquelas mesmas que nunca morreriam. Ninguém questiona polícias ou facções, que seja. Nem sequer cobram das autoridades ação, as autoridades eleitas por nós mesmos por voto direto e legítimo.

Muitas das idéias até continuam vivas, moribundas, mas vivas. Já que não morrem, as vezes se escondem como velhos teimosos em suas camas... um cérebro qualquer.
A entidade idéia hoje, está adormecida, ou acordada no peito de tão poucos que o barulho mínimo a ser feito soa como um zumbido de abelha, abelha estapeada pela bombas de efeito moral, vide manifestações pelo mundo a fora...

O que eu quero explicitar dentro de Brecht e V, é a questão de que, as pessoas que sofriam e liam os poemas do autor viviam a plena exposição/imposição de idéias, o questionamento e a compreensão dos problemas. Em `V de Vinganca` temos alguém que relembra a importância de uma idéia e tenta livrar o público do grande cabresto colocado pelo sistema.

Não temos um contexto político em que raciocinamos, não discutimos com tanto afinco as idéias expostas por aí,inclusive morremos de medo de discutir, e não temos ainda alguém que queira reavivar idéias antigas e percepções ignoradas pela massa.
Mas a forma como lidamos com as coisas não faz os problemas desaparecerem, e as ideias antigas sao atuais e encontram contexto para serem aplicadas.
Onde está nosso V?

Mau tempo não só para a juventude Brecht, mas para qualquer ser pensante que resolva questionar, bem vindo a estagnação-intelectual moderna do homem médio, à grande morfina que entorpece nossas discussões. Todo o jogo, agradece nossa falta de compreensão, participação e senso crítico.

quarta-feira, 21 de março de 2007

E não é normal?


Filme antigo e até mesmo cansativo mas, não poderia deixar de se mostrar presente em um contexto totalmente caótico. Poucas são as pessoas que conseguem encarar a realidade de forma direta e com a cabeça erguida. Aliás, poucas pessoas o conseguem.

Se formos reparar na nossa própria faculdade, muitos se inserem em uma bolha social tão grande que não conseguem ver mais nada ao redor. Outros, por se sentirem excluídos se fecham ainda mais que os primeiros.

Não acredito que seja necessária a citação sobre o grande Diretriz.

Voltemos ao filme que, apesar de ter suas explicações para a vida na física quântica, é muito mais interessante e ameno do que o fechamento de edições do nosso jornal laboratório. Se a vida acontece como acontece porque nós mesmos atraimos tais energias, não seria a hora de pararmos e pensarmos um pouco do porque as coisas andam desse jeito? Não seria a hora de todos tomarem as rédeas da própria vida, parando de esperar acontecer, parando de se iludir acreditando que tudo vai se encaminhar quando for a hora certa? Não seria a hora de deixarmos de recorrer tanto aos outros quando as nossas vidas só podem ser resolvidas por nós mesmos?

O longa que está mais para documentário com suas toscas animações faz pensar. Mostra que apesar da idade, poucos se conhecem, e poucos possuem a força para isso. Gostamos de nos preservar, mesmo que para isso percamos um pouco de nossas vidas. É ruim perceber que uma parte da juventude brasileira não percebe que tem o futuro nas mãos e que agora é a hora.

Talvez, o mais triste é perceber que muitos ainda acreditam que ter vinte e poucos anos é pensar e se comportar como se tivessem treze.

O Rei e suas magias

O futebol, esporte mais popular em nosso país, fez surgir um personagem que ultrapassou os limites do esporte, um gênio, um mito, que encantou o mundo com suas belas jogadas, revolucionando o esporte em um contexto mundial, se tornando indiscutivelmente o melhor jogador do século. Estou falando de Edson Arantes do Nascimento: o Pelé.

O filme Pelé Eterno é um documentário produzido com o objetivo de homenagear e ao mesmo tempo contar a história de vida desse grande craque, mostrando os lances fantásticos de sua carreira para as pessoas que não tiveram a oportunidade de vê-lo atuando. O documentário acompanha de forma emocionante os detalhes da vida do jogador, desde sua difícil infância devido à pobreza até chegar às glórias obtidas no esporte, com depoimentos dados por familiares e ex-jogadores, personagens que são testemunhas oculares desses acontecimentos.

Unanimidade como jogador, o filme traz um pouco de sua arte ao exibir jogadas espetaculares, dribles desconcertantes e os mais belos e importantes gols de sua carreira. Outro detalhe é que essa produção apresenta imagens que nunca foram vistas antes. Um momento marcante do filme ocorre após uma cobrança de pênalti, no Maracanã, quando o jogador atinge a marca de mil gols, na sequencia ele emocionou a todos quando concedeu uma entrevista pedindo para que os governantes cuidassem de nossas crianças para que o país pudesse ter um futuro melhor.

Por tudo isso que a primeira postagem sobre o Esporte no Cinema não poderia ser algo irrelevante. E nada mais relevante do que iniciar apresentando uma produção sobre a vida do Rei do futebol, reproduzindo momentos marcantes e imagens de suas memoráveis jogadas. O filme foi uma forma tornar eterno através das imagens o que o mundo do futebol já reverencia e idolatra por tudo que esse gênio da bola fez pelo esporte.

terça-feira, 20 de março de 2007

Falar o quê?


Aqui estamos com mais um dos tantos blogs. Entre e sinta-se em casa, ou numa reunião bem simples, bem cômoda, mas onde pode-se discutir e gritar e pensar e logar e escrever afinal.Veio-me a cabeça iniciar com um belo filme, mas não creio ter visto o certo para a ocasião, poderíamos iniciar por tantos outros, mas sem uma identidade todos estamos perdidos, até mesmo nosso jornal, o Diretriz.

Num curso de comunicação temos, deveras, diversas horas de alienação, e o que é pior, desinformação, saturação e, mais horrível, manipulação. Aquilo que pensamos acontecer apenas em grandes veículos e que tantos de nossos educadores lutam para nos ensinar em sala de aula, é suprimido assim que cruzamos as portas, mas não da Universidade, o controle ao qual nos submetem ocorre ali mesmo. Seja reclamando de um discurso, seja impondo matérias em nosso periódico "livre".Um curso para formar jornalistas reprime jornalistas aprendizes e estes já não querem aprender mais nada e nem ler mais jornal.

A política é o caos que conhecemos, que xingamos, o caos pelo qual não nos movemos, mas o Jornal Nacional vem salvar nossa noite, Deus salve seu filho: Bonner. E mantemos nossa caricatura patética e estática.Falam o que não importa para que deixemos tudo de importante de lado. O lado que tomamos já não importa, pois todos os lados são centros ladeados sem importância. As pessoas dizem e não colocam aspas, os travessões já se tornaram fracos, em meio à Luz, parece faltar luz...

E parece que encontrei o filme certo para representar este post inicial, esta primeira réstia de texto que se acende como um lampião fraco, mas que trará outros em seu encalço. O filme é Babel, e creio que pouco precisa ser dito, pois o nome e a obra remetem a uma bem maior e cheia de conceitos, até sagrada, mas que mesmo seguida pelo Instituto não o impede de inibir liberdades e flanquear os diálogos.

E depois dizem que quando não se entendem é porque alguém está falando grego. Injusto.