segunda-feira, 30 de abril de 2007

Z de Amor



Anthony Hopkins (sem estar mastigando ninguém) escovando um cavalo calmamente:


- Você é linda como sua mãe!


Catherine Zeta Jones, ainda de roupa:


- Você conheceu minha mãe?


Anthony, se controlando para não morder o cavalo:


- Sim, eu a conheci, ela te amava muito.


Catherine, antes de entrar no aeroporto onde estava Tom Hanks:


- Me conte sobre ela...


A cena se perdeu em meio às telas e aos neurônios já enfraquecidos pelas notícias não lidas do dia-a-dia, mas mantém a paixão do momento da cultura massificada, e, mesmo assim, tão lindo.


A cena é do filme "A máscara do Zorro". Anthony é o antigo Diego, o herói original e ensina Antônio Banderas a ser bom o bastante para assumir a responsabilidade da máscara (será que é daí que vem o nome?). Diego teve sua mulher morta e sua filha roubada por seu pior inimigo.


Sua filha se tornou Catherine, mas como foi criada pelo inimigo de Diego, ela apenas ignora a existência do verdadeiro pai e a única parte obscura de seu passado que tem conhecimento é a respeito de sua mãe, da qual pouco se fala na sua casa. A curiosidade pela mãe a leva à verdade: O verdadeiro Zorro é seu pai, fora o fato de que o novo Zorro quer se enamorar dela (e consegue, mesmo com o risco de ser mordido pelo sogrão).


Mas voltemos à cena em que Anthony está prestes a cuspir a ferradura após mascar um cavalo enquanto conversa com Catherine pelo vidro. Imaginem-se na pele daquele homem que perdeu tudo e consegue rever sua amada nos olhos de sua própria filha, mesmo que ela ignore este fato. Pode ter parecido só mais uma frase, mas tem peso. Seu único elo com a pessoa que mais amou está na sua frente e você não pode dizer quem na realidade é para não comprometer futuros planos maiores que vocês dois. Triste.


Em algum lugar, porém, sempre se encontra o sonho, ou a felicidade, mesmo que numa coisa simples, ou de uma forma que não a esperada. Diego a encontrou recuperando a filha, nunca poderia ter de volta sua época aventureira, muito menos o tempo da infância que perdeu da menina agora já mulher (e que mulher... quer dizer, Catherine atua bem), tampouco teria o que mais lhe foi caro na vida, sua mulher. Entretanto encontrou outras formas.


O lendário Zorro treinou um novo jovem capaz de fazê-lo viver aventuras indiretamente, vingou-se do inimigo em resposta a filha roubada e reconquistou sua filha mantendo um pedaço de seu passado com sua esposa, recriou o único laço que poderia materializar o amor puro que sentiu. Depois morreu no fim do filme, acho que o cavalo não estava bom, mas como diz o ditado: a cavalo dado não se olha a data de validade... ou algo assim.


O que importa é que, entre tantas coisas na vida, estamos sempre buscando algo que perdemos, mas sempre achamos nosso pote de ouro no fim no arco-íris - mesmo num dia nublado - e ele pode ser melhor e mais emocionante do que imaginávamos, mesmo que ninguém faça planos como Diego.



RDS (vulgo Renan) escreve neste blog às segundas, assim como a Lette, só que ela escreve em outro blog e faz referências à Vica, que mesmo escrevendo às segundas também, escreve também num outro blog, não sendo nem este nem o da Rika, que é amiga da Lette, assim como a Vica escreve no blog da Gisele e a Vanessa e mais quatro pessoas (Zito, Simi, Song e Roza) escrevem neste que você está lendo, ou espero que esteja...

Lette escreve no mesmo blog da Rika, Vica é gaúcha e mesmo assim amiga da Gisele que adora índios, e a Vanessa namora RDS, mesmo ele sendo bobo e escrevendo não só posts desse tipo como finalizações assim: Renan procura um emprego, que até agora não tinha aparecido (na verdade não apareceu) na história.

Ascensão

Dois filmes, que de início se encontram indiretamente, mas há muito mais além desse encontro.

Filmados com quase 40 anos de espaço, mas, retratando praticamente uma mesma época de quebras de paradigmas pelo mundo afora, em “Ao mestre com carinho” e “Meu nome é radio” é evidente a abordagem do tema pré-conceito para com as diferenças. De um lado, temos o preconceito racial perante um professor ginasial de um bairro operário, numa Europa da década de 1960, e de outro, o preconceito com um garoto norte americano, solitário e diferente nas suas capacidades intelectuais, vivendo na década de 1970. Mas que diferença é essa? Aonde aprendemos o que é igual, ou diferente, se isso é bom ou ruim, comum ou estranho?

Em cada um deles, a sua maneira, dá pra sentir e refletir sobre a questão da educação na ascensão do jovem “despreparado” à sua qualidade adulta e responsável de ser, do ser humano que prestes a sair daquela convivência comunitária e mundinho próprio passa a perceber uma sociedade com valores um tanto quanto novos.

(Em homenagem aos meus amigos educadores da “escola”): Piaget, já afirmara que construímos nossa história a partir daquela dada. Ou, seja educadores, amigos ou familiares, são os elevadores cheios de bagagens com histórias e conhecimentos que podem nos levar a uma transição, não menos dolorida, porém melhor compreendida. E, com eles, devemos aprender que diferente não é qualidade de valor e nem qualidade excludente. E que o que mais vale na construção de uma pessoa é sua dignidade e identidade. Respeite o próximo e serás respeitado!

Mil desculpas aos próximos postadores e leitores pelo atraso deste meu post. Até breve.

domingo, 29 de abril de 2007

Na adversidade se aprende a crescer

Determinamos o domingo como o dia do respiro, ou seja, um dia em que não há obrigatoriedade de postagem. No entanto, já que essa semana a música foi escolhida por mim estou aqui para finalizar as postagens referentes a esse tema.

Utilizando a mesma linha de raciocínio do texto que escrevi, venho novamente falar sobre preconceito, e para isso resolvi colocar um trecho de uma música que, ao meu ver, é significativa com relação a essa temática.

Olha e vê o fim do preconceito.
Pois liberdade é um direito.
Que não tem raça e não tem cor.
Glória aos negros que mudaram a história.
E estão vivos na memória.
Cessando toda uma era de dor.

O mundo não vai me calar.
Injustiças não vão me deter.
Da cinzas se renasce para a vitória.
Na adversidade se aprende a crescer.
São fatos que descrevem nossa história.

Mancha Verde 2006 - "Bem aventurados sejam Os Perseguidos, por causa da justiça dos homens... Pois é deles o reino dos céus".
Semana começando e nova música chegando, seja qual for, que seja muito bem vinda.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

A cor da vitória

Martin Luther King e João Carlos de Oliveira, o João do Pulo. Um era norte-americano. O outro, brasileiro. Viveram no mesmo tempo, mas nunca se encontraram. Talvez, até, um jamais tenha ouvido falar no outro. No entanto, uma feliz coincidência os uniu: cada um, à sua maneira, soube resgatar aos olhos do mundo a bravura dos negros.

É verdade que, quando João nasceu, Martin já tinha 25 anos e estava prestes a virar doutor em teologia. A origem deles, entrentanto, era simples. Porém, deram a volta por cima. King, num tempo em que os EUA que se preocupavam mais com a Guerra Fria do que com o próprio umbigo. Do Pulo, num Brasil contaminado pelos venenos da ditadura militar.

Isso, ainda na flor da idade. Martin Luther, aos 34, levou mais de 200 mil pessoas a uma marcha anti-racista (e pacífica) na capital Washington, enquanto João Carlos, aos 21, bateu o recorde mundial do salto triplo no Pan da Cidade do México. No discurso, o corajoso King pronunciou uma frase que ecoa até hoje: “Eu tenho um sonho.” Já João voltou ao Brasil como herói.

E não à toa, já que o feito dele só seria batido dez anos depois. Por outro lado, havia quem não gostasse da luta de Luther King – e, aqui, vale lembrar mais um fato comum dessa dupla -, tanto que acabou assassinado aos 39 anos, depois de ganhar o Nobel da Paz em 1964. O brasileiro faleceu aos 45, com uma das pernas amputada por causa de um acidente de carro em 1982.

Martin Luther King e João do Pulo: provas de que a vitória do corpo não depende da cor da alma.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Perseverança, perseveransia, perseverance, aushalten

Sinceramente? Sou mais uma das pessoas que não gostou da música que o Rafa escolheu... Mas vamos lá!

Se tem algum verso que eu de fato gostei, foi "quem cede a vez não quer vitória". Coisa para se pensar. Para isso, puxo a história do filme "à procura da felicidade". Will Smith vive um personagem que é pai de família e como não poderia deixar de ser, enfrenta MUITOS problemas financeiros. Divorciado, sem emprego, despejado de sua casa, acaba conseguindo um importante estágio não remunerado, mas que poderia lhe dar uma carreira promissora. Junto com seu filho de apenas 5 anos de idade, começa a enfrentar os dias mais difíceis da sua vida. Dorme em abergues, vê a sua conta bancária ter apenas 20 dólares....e por mais incrível que pareça, dorme em um banheiro do metrô porque não conseguiu lugar no abrigo. Enquanto trabalhava, estudava e cuidava do seu filho, nunca perdeu a esperança e nunca perdeu a garra...

Passa isso pra vida real... passa isso para a sua vida. Quantas vezes você já não pensou em desistir de alguma coisa? Quantas vocês já não se pegou pensando "É difícil demais"?! Eu já e muitas vezes. A questão é que não é uma história que só acontece em filmes...Vida difícil é a de todo mundo....e por incrível que pareça, quanto mais difícil, mais as pessoas percebem a força que têm.

Talvez o importante seja preservar esse lado que tanto ampara, que nós olhamos e pensamos que tudo vale a pena e que todo esforço vai se recompensado. Será?

terça-feira, 24 de abril de 2007

A Luta contra o Preconceito Racial

O filme Homens de honra, conta a história verídica de um jovem negro que almejava se tornar um mergulhador da marinha. Carl Brashear (Cuba Gooding Jr.) é esse jovem, no entanto, devido ao preconceito racial, o personagem passa por dificuldades em atingir seu sonho.

A história se passa durante a década de 40, período no qual os negros eram limitados em suas funções, e no que se refere à marinha uma das únicas tarefas que poderiam realizar era a de cozinheiro, e foi assim que Brashear adentrou.

Os negros só tinham permissão para mergulhar de terça-feira, mas Brashear quebrou essa regra e foi nadar no mar em uma sexta-feira, devido a isso foi preso, porém sua rapidez despertou a atenção e foi alçado ao cargo de “mergulhador de resgate”. Depois desse fato solicita sua integração a escola de mergulhadores, e é a partir desse instante que constata um grande obstáculo a ser vencido, e esse obstáculo não era apenas um adversário físico, pior ainda, era um obstáculo social, uma barreira chamada Racismo.

Logo que se insere no quadro de mergulhadores sofre o primeiro gesto desse racismo quando seus companheiros não aceitam dividir o mesmo quarto com ele, exceto um deles, que justamente por esse gesto também passou a ser perseguido pelo comandante Billy Sunday (Robert de Niro).

Billy Sunday é um comandante implacável e rigoroso e, assim como seus comandados, descrimina Brashear aplicando a ele testes de um grau de dificuldade acima da média com o objetivo de fazer com que desista de seu ideal, mas acontece o contrário, com persistência e aplicação consegue realizar todos os testes ficando entre os melhores da turma. Sua coragem e determinação fizeram com que Sunday parasse de persegui-lo e até se tornaram amigos.

Quando parecia ter superado tudo, mais um entrave aparece em sua vida. Em serviço, o mergulhador junto com um companheiro, mergulha para realizar um salvamento. Durante a realização de sua função seu companheiro fica em apuros e quando resolve salva-lo, perde uma das pernas. Mas não era isso que faria Brashear de continuar sua carreira na marinha. Depois de um tempo de recuperação, coloca uma perna mecânica e auxiliado por Sunday luta contra o preconceito e a burocracia militar, que visa acabar com seus sonhos de ser tornar um comandante querendo reformá-lo.

A música Identidade do Jorge Aragão tem como temática o preconceito racial, que pode ser notado no seguinte trecho: “Se o preto de alma branca pra você/// É o exemplo da dignidade/// Não nos ajuda só nos faz sofrer/// Nem resgata nossa identidade”. Tanto a música como o filme mostram como esse preconceito está inserido na sociedade. E esse filme é um exemplo pelo fato do personagem ter superado todos os obstáculos que lhe impunham para alcançar seu sonho. Na verdade o ideal seria que todos nós seres humanos aprendessemos a conviver juntos em sociedade respeitando todas as diferenças e que todos tenham direitos e deveres iguais no mundo em que vivemos.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Crer


Sei que não é a intenção da música EM SI (homenagem à gaúcha), mas o primeiro verso me fez lembrar um filme antigo, porém, um dos melhores que já vi.


"Elevador é quase um templo", é o verso. "It", é o filme. Lembram? O palhaço assassino, o monstro sobrenatural. Este filme foi responsável, entre outras coisas na minha vida (como uma bela tarde na qual não o assisti, mas ele foi marcante), por duas coisas: primeiro, desencadeou um medo de palhaço que alguns compartilham também por essa obra (Silvia?) e, segudno, me deu uma ótima noção de amizade que atravessa as barreiras de tempo e distância.


Entretanto, a relação estabelecida com o filme e o verso da música é outra. Durante todo o filme não aparecem meios efetivos de se derrotar a criatura que atormenta o grupo de garotos, mas diversas tentativas mostram, mesmo que não fique claro, que tudo aquilo em que realmente acreditam, acaba funcionando contra o mosntro.


É mais ou menos como a música, um templo num elevador, tudo aquilo que temos de material não quer dizer muito, o que importa é a fé que colocamos nas coisas. Assim como os brincos de prata poderiam derrotar a criatura, assim como citar nomes de pássaros a afastou, assim como rezar baixinho no dia-a-dia para que tudo dê certo e que se retorne vivo de qualquer lugar.

Música

Essa semana, a música escolhida foi Identidade, de Jorge Aragão.
A escolha foi feita por Rafael Zito que posta neste blog às terças-feiras.
PS: Este é o menor post que já escrevi, entrem, escutem, divulguem e discutam
Abraço

sábado, 21 de abril de 2007

O inconfidente e o fogo

Feriado! Oba! Descanso para minhas pernas e mente cansadas. Dias difíceis! Muito trabalho para pouco tempo e ... Mas feriado do que mesmo?!

Tiradentes. E quem foi ele? Ah! o mártir da inconfidência mineira, símbolo da luta contra o domínio português na colônia e que até hoje, é aclamado por ter se portado como Jesus (aliás, suas imagens divulgadas são semelhantes). Tiradentes lutou contra a escravidão e pela liberdade da nação. Pagou em troca da vida de outros, demonstrando sentimentos de humildade, arrependimento e esperança de vida eterna, assim como o ideal cristão preconizava. Interesses políticos e ideológicos perpetuam a imagem e história de um mártir virtuoso.

Ora pois, pois.

Tiradentes foi Joaquim José da Silva Xavier, dentista conhecido na região de Vila Rica, em Minas Gerais. A profissão, teria ele aprendido com seu tio. Era um trabalhador braçal: à época, arrancavam-se os dentes com alicates e o pior, sem anestesia nem cadeirinha confortável nem ambiente perfumado e relaxante e nem música ambiente.

Nessa época também, Portugal cobrava altos impostos, estava preste a praticar a derrama e instalar uma “CPI” na colônia.

Foi quando intelectuais e membros das elites começaram a se juntar. Repetindo, intelectuais e elite, militares e clero, também. O dentista não participava nem de um grupo, nem de outro.

No livro, História da Conjuração Mineira, de Joaquim Norberto de Souza e Silva, de 1873, o autor, delata: “Morrera o Tiradentes, não como um grande patriota, com seus olhos cravados no povo, tendo nos lábios os sagrados nomes da pátria e da liberdade (...) mas como cristão preparado há muito tempo pelos sacerdotes" [v.2, p.221].

O bode expiratório do movimento, que segundo a “sub-história” não tinha o caráter todo que a história retrata, caiu no gosto popular. Queria Justiça, trabalhar em paz, honestamente e libertar a escravidão.

E em 21 de abril de 1792 era enforcado e esquartejado, na cidade do Rio de Janeiro, o alferes Joaquim Xavier. O herói polêmico, porém, popular da luta pela liberdade e independência.


"Que venha o fogo então
Esse ar deixou minha vista cansada
Nada demais" ... eu apenas, morri


sexta-feira, 20 de abril de 2007

Nosso dia vai chegar

Esta música do “Legião” é, na verdade, uma fábrica de perguntas. Ao terminar de ouvi-la, não pude evitar de pensar em como seríamos nós, brasileiros, se fôssemos independentes. Mas independentes de verdade, em todos os setores. Então, debruçei-me outra vez sobre o futebol.

Que torcedor nunca sonhou em ver um grande craque europeu dizer assim, de repente, cheio de sinceridade: “Um dia, antes de me aposentar, queria jogar no Brasil”? Ou, talvez, ouvir daquele ídolo da torcida que, apesar das várias e tentadoras propostas de fora, vai continuar honrando as cores do clube? Aonde foi parar o nosso orgulho? Cadê a nossa identidade?

Deveria ser inadmissível, para um jogador brasileiro, abandonar a pátria à própria sorte. Aqui, a chance de que nasçam novos Diamantes, Divinos, Garrinchas e Pelés é muito maior do que lá. Mas, não. Eles ainda pensam mais no “conforto da família” - e sonham, sim, só que com a Europa. Enquanto isso, os nossos futuros craques vêem, na TV, lances esporadicamente belos de Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo, o Fenômeno. Daí, dizem para os pais: "Quando eu crescer, quero ser que nem eles!"

E só de imaginar, também, que nós somos candidatos – únicos, e respaldados por toda a América do Sul – ao Mundial de 2014... O problema maior, caro(a) leitor(a), é que esse não é só o cenário do futebol, não. Em vez de cavarmos a nossa verdadeira independência social, política e econômica, acabamos absorvendo, covardemente, costumes dos "outros".

Contudo, como algumas perguntas exigem uma busca severa por respostas, nós temos procurado, de alguma forma, as nossas. É provável que, até lá, muitos atletas profissionais tenham saído do país e outros tantos jovens boleiros, realizado os seus sonhos. Mesmo assim, acredito que, como diz a música da semana, “nosso dia (ainda) vai chegar...”

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Antes que a música mude...

Na verdade ela já mudou. E agora José? Juro que tentei adiantar as coisas, mas a desculpa de todo jornalista mau organizado é a falta de tempo (percebam que, jamais o atraso se deve à má administração do mesmo), portanto, digo agora com a maior cara-virtual-de-pau que eu deveria ter postado esse texto infâme na quinta-feira(19), mas não rolou devido a uma séeeerie de probleminhas bobos, mas já resolvidos. Bom, Jorge Aragão que me perdoe e o post debaixo também, mas atrasada, vou ainda de Renato Russo.

"esse ar deixou minha vista cansada
nada demais"...

O ar, as casas, as relações, as pessoas, os carros, a fumaça, as nuvens, os seres, os cachorros da rua, as pessoas da rua, as próprias ruas, os olhares, o tato, o sabor das coisas das pessoas e da vida... tudo tem cansado a vista.

As lágrimas que demoram secar, os gritos que custam a sair, os olhares que de medo se abaixam para não se aproximarem.
A música consegue me dizer tudo e dizer nada ao mesmo tempo, é que hoje meu momento não é político, talvez nem crítico.
Pensei em falar algo sobre o ataque do sul-coreano (sem citação aos próximos) que matou trinta e duas pessoas na Universidade Virgínia Tech, nos Estados Unidos (espero que a nossa coreaninha linda nunca ande armada), pra questionar o lance das armas, da indústria bélica estadunidense e nossa relação com ela no referendo de 2006, mas como tudo nessa vida maluca, dependemos de momentos e momentos, tem dias que o cabelo acorda melhor do que em outros dias, tem dia que você está mais gorda(o) ou mais magra(o).

Hoje eu estou apática, e saibam que é horrível ter que confessar isso, além, claro, do fato de ter dias fixos para escrever... O que não fazemos em nome da organização? Abdicamos até da tão famosa e desejada inspiração.

Hoje então, não inspirada, venho escrever apenas sobre um trecho da música Fábrica, o finalzinho, na verdade. Única parte que consegui refletir sem raízes... os cansaços da vista, da alma, da seqüencia de momentos que chamamos existência.
Peço aos amigos de caneco que me perdoem pelo post pouco proveitoso, mas recomendo que não desistam dos demais colaboradores do blog.
Apenas um dia sem idéias brilhantes, além dessa vista tão cansada. Bom, nada demais!

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Humildade não humilhação

Estamira é só o exemplo de um filme e de uma pessoa que mostra claramente o que a música (Fábrica) quis retratar.

Pobre? Não, miserável. Corajosa? Não, batalhadora. O documentário retrata o cotidiano de muitos brasileiros que têm de trabalhar diretamente com o lixo, inalando gás metano, que impossibilita até mesmo de ter vida rastejante por ali.

Ela trabalha num lixão e, com muito esforço consegue dinheiro para sobreviver. Aliás, podemos mesmo nomear isso de “sobrevivência”? Podemos fechar os olhos diante dessa realidade, que muitos insistem em não olhar, em não prestar atenção que do seu lado, tem alguém que pode morrer por não ter o que comer? Ou então, por morrer de infecção alimentar porque pegou algum alimento da sua única fonte, o lixo? Segundo Estamira, lixo é o resto e o descuido de toda a população. Então, porque algumas pessoas precisam pegar o resto dos outros?

A pobre mulher apresenta sim, problemas psiquiátricos. E tem como não apresentar? Existe uma saída para lidar com tudo isso sem enlouquecer totalmente? Ela acredita que falam com ela, que tem forças ocultas que coordenam e comandam tudo e, que Deus não existe. Para ela, está claro que não existe algo que a protege. Sua vida nunca foi fácil, sempre foi marcada por acontecimentos dolorosos e, que ela nunca conseguiu lidar.

Mesmo sem ter estudado, mesmo tendo um grande déficit intelectual, Estamira conseguia analisar cada questão de interesse global. Claro que de seu ponto de vista, que aqui, ninguém está para julgar se é certo ou errado. Mas o fato dela possuir uma ideologia, de lutar por ela dentro de suas condições...mostra que ela está a anos luz daqui. O ponto alto? Ela que afirma não admitir erros, judiação, perversidade e humilhação, não consegue imaginar uma vida fora dali. Sua vida começou ali e aparentemente, ali vai terminar.

Uma frase da célebre: “na escola não se aprende, e sim, se copia”. Tem como negar?

Fim da escravidão lícita no futebol

Em 24 de Março de 1998 o Congresso Nacional decretou e o Presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei 9.615, popularmente conhecida como Lei Pelé, acabando com a escravidão no esporte brasileiro. Essa norma permitiu aos atletas o passe livre, dando a eles os direitos de um trabalhador comum, como por exemplo, o de procurar a justiça, caso se sintam lesados de alguma forma pela instituição na qual trabalhem.

A partir do momento em que a Lei entrou em vigência, a escravidão de forma lícita deixou de existir. Para filtrar um pouco essa discussão, pegarei o exemplo do futebol, já que é o esporte mais popular no país. Até 1998, os atletas firmavam acordo com os clubes e eram submetidos a todos os tipos de desmandos sem terem o direito de reclamar do que sofriam. Os clubes impunham situações aos jogadores que ficavam de mãos atadas, sem ter como reagir as situações absurdas que lhes colocavam.

Para exemplificar melhor essa situação, abordarei a questão dos salários, fator de direito de qualquer trabalhador que exerce sua função, que cumpre seu contrato, por isso, nada mais normal do que receberem os pagamentos no final do mês ou de reivindicarem caso os mesmos não tenham sido efetuados.

Até o surgimento dessa lei, os atletas firmavam contrato de trabalho com a instituição, passando a ser propriedade dos clubes. Caso firmassem um acordo de 5 anos, nesse período eram obrigados a aceitar calados toda a humilhação pelo qual passavam sem ter a quem recorrer. Se estivessem com os salários atrasados, azar dos atletas que no máximo poderiam acreditar na honestidade de seus patrões e nas promessas que lhes eram feitas sobre a devida quitação dessas dívidas.

Desde que foi instaurada, a lei propiciou aos profissionais do futebol os direitos que todos os trabalhadores possuem. Permitiu que acionassem a justiça em busca de seus direitos, e comprovado o descumprimento do acordo por parte do clube, os jogadores receberiam a "alforria". Após ocorrer o primeiro caso, abriu-se um precedente e os atletas passaram a se utilizar desse novo direito que lhes fora concedido para conquistar sua liberdade. O passe deixou de existir, agora o jogador é o dono de seus direitos federativos, permitindo a ele cede-lo ao clube que deseje trabalhar.
No entanto, ainda há escravidão no futebol, mas agora isso ocorre porque o atleta se deixa escravizar. Todos os benefícios que a Lei os concedeu fez com que se libertassem dos clubes, tivesse liberdade de escolha, e essa liberdade fez com que muitos passassem seus direitos federativos para o controle de empresários. Portanto, hoje a escravidão deixou de ser legal para ser opcional, e hoje em dia muitos atletas ficam reféns dos interesses dos empresários, que na maioria dos casos estão no futebol única e exclusivamente para ganhar dinheiro em negociações futuras.
A conclusão é que hoje tanto jogadores como os clubes ficaram nas mãos dos empresários, que utilizam de seus contatos para aliciar jogadores e coloca-los no clube que acreditam que esse atleta terá maior visibilidade, tudo isso visando lucrar com provável transferência para o futebol do exterior. Os jogadores abriram mão da liberdade conquistada, deixaram de ser escravos dos clubes, para ficarem escravos dos interesses financeiros dos empresários.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Explicações Sonoras


Caros leitores, blogueiros e quem mais bebe conosco aqui no Simpósio.


Estamos com algumas novidades para vocês. Como já perceberam, este blog trata de filmes e esportes em geral, porém, relacionando com todo o tipo de idéias, indagações etc. Pensando em como dar novas perspectivas aos textos nossa equipe tomou uma decisão curiosa e interessante.

Somos seis integrantes, sendo eles: Felipe Simi, Michele Roza, Rafael Zito, Silvia Song e Vanessa Oliveira, além desse que vos posta, Renan De Simone, conhecido no atual veículo como RDS.


A cada dia da semana atualizações foram feitas em nosso site, mas começamos a partir dessa semana a fazer um rodízio. Eu postarei para vocês às segundas, seguido pelos seguintes integrantes: Rafael Zito, Silvia Song, Vanessa Oliveira, Michele Roza e Felipe Simi, que ocuparam os demais dias da semana exceto domingo, onde poderemos ter algumas programações especiais mas, principalmente a renovação das idéias.


Por que este termo? Agora o blog é musical, ao entrar na página inicial uma música começará a tocar. Além de um acompanhamento para a leitura a música será uma nova fonte de idéias. A cada semana um dos integrantes escolherá a canção e ele mesmo mais os cinco integrantes deverão fazer textos que combinem não só elementos de suas idéias com os filmes e esportes, mas também com a música.


Como a escolha é feita por um membro apenas por semana, todos os outros terão de escrever com o sentimento e ideía que lhe couber à mente enquanto ouvirem as tais músicas.


Para você, leitor, fica a canção para escutar e ver o que deu origem a determinadas idéias, além da curiosidade de ver as diversas reações de cada integrante do blog frente ao mesmo estímulo.


A música dessa semana é Fábrica, da Legião Urbana, antiga banda extinta com a morte de seu vocalista e líder Renato Russo.


Sentem-se, bebam, escutem e, principalmente, discutam.

Um grande abraço

sábado, 14 de abril de 2007

Lenin, Trotski e Stalin. Senna, Mansell e Prost

Este post fala de heróis, mocinhos e vilões. Vilões que, bem ou mal, marcaram a História. Mocinhos que, apesar de coadjuvantes, deixaram lembranças. E heróis, cujos feitos se tatuaram na pele da História para sempre. Como plano de fundo, duas épocas diferentes; dois assuntos que, de cara, não têm nada em comum: União Soviética e Fórmula 1.

Na Rússia czarista, os ideais revolucionários de Marx uniram Vladimir Lenin (1870-1924), Leon Trotski (1879-1940) e Josef Stalin (1879-1953). Juntos, ergueram ali o comunismo. Entretanto, o mesmo ideal pelo qual, um dia, eles tinham lutado, os destruiria. Pouco antes de morrer, Lenin, o primeiro líder soviético, disse preferir Trotski como sucessor.

Na verdade, ele suspeitava do comportamento de Stalin, então secretário-geral do partido. Não deu outra. Além de perder a disputa, Trotski foi demitido do comissariado de guerra pelo próprio Stalin. Depois, começou a ser caçado por ele dia e noite até ser assassinado. Resultado: Stalin virou ditador e reinou absoluto por quase três décadas. E daí, né?

Bom, um trio parecido agitou bastante as pistas de F-1 algum tempo depois: Ayrton Senna (1960-1994), Nigel Mansell (1953-) e Alain Prost (1955-). Juntos, ganharam oito Mundiais. Porém, as semelhanças acabam aí. Porque o resto, é só rivalidade. Em 1986, por exemplo, Prost levou a taça com Mansell logo atrás; em 1991, deu Senna – e o Leão, de novo, o vice.

Contudo, Senna e Prost desenharam, juntos, uma das páginas mais emocionantes da história do automobilismo. Correndo pela mesma equipe, a McLaren, disputaram, volta a volta, os títulos de 1988 e 1989. Em 1989, aliás, Prost venceu jogando o carro de Senna para fora da pista. Em 1990, o brasileiro deu o troco. Na mesma moeda. “Deixei bater...”, diria depois.

Eis os dois trios. Tudo bem, é verdade que muita coisa aconteceu depois que eles sumiram. A União Soviética voltou a ser Rússia, e não mais socialista; a Fórmula 1 veria os incríveis sete títulos de Michael Schumacher... Mas a História nunca mais foi a mesma. Sem Lenin, Trotski e Stalin, sem Senna, Mansell e Prost, parece que, ainda hoje, alguma coisa está faltando.
Obs.: Quem sugeriu este post foi meu parceiro Renan; eu apenas reuni as idéias e tentei relacioná-las; espero que tenha ficado à altura da idéia. Valeu, pessoal!

terça-feira, 10 de abril de 2007

Respire e aproveite

Não acho necessário procurar palavras para descrever um filme desse porte. Ele consegue retratar temas que precisam de toda uma delicadeza, todo um bom senso para não cair em algo tão batido.

"O tempo que resta",2005. Não só vale a pena...é essencial.

O que você faria se descobrisse que a sua vida vai acabar em pouco tempo? Se entregaria aos médicos, dispondo o pouco que te sobra em hospitais e remédios ou viveria? Iria em busca de seus sonhos?

Aliás....quais são seus sonhos? Eles valem a pena? Eles somariam algo para a humanidade? Se você morresse agora, qual seria a sua marca? Qual seria o seu legado?

domingo, 8 de abril de 2007

11+12



Para quem não assistiu o filme número 23 este post é desaconselhável.

O que acontece quando a gente sente que tem de escolher um lado, nem que seja na nossa mente? Como fazer a coisa certa, como não ser arbitrário? Foi isso que sai pensando do filme 23. Um homem com uma vida aparentemente normal, mulher, filho, de repente recebe um livro que muda completamente sua rotina e passa a atormentá-lo assim como faz ao autor/narrador do livro, a obssessão é pelo número 23, que rege a vida do autor e do personagem principal. Passa a história, descobre-se que o autor e o cara que lê é a mesma pessoa, mas em épocas e com personalidades diferentes.


A crise é a seguinte: o homem matou uma garota na faculdade (aclme-se, meu amor, não sou obcecado por números - o problema é o tempo, relógios por todos os lados, meu deus vc é um relógio...), eles eram namorados, ela transa com um professor e ainda ofende o cara de diversas formas.


Ele mata a menina e o professor é incriminado, perfeito... Não! Ele foge, fica louco escreve um livro e um médico de um sanatório o publica com outro nome, livro que mais tarde, recuperado e esquecido do incidente, ele passa a ler e se ver na história.


Ocorre que depois de descobrir tudo, mesmo com o apoio de sua família, Jim Carrey (esse não é o nome do personagem no filme) se entrega à polícia e livra o professor da acusação (não me recordo agora se era prisão perpétua, pena de morte ou se estou delirando entre as duas penas mais difíceis de se lidar). O homem é preso, praticamente pela memória da vagabunda.


Agora vocês também têm o problema dos lados na mão. A traição da garota não é um caso para morte. Ofensas que se desfere contra alguém num momento de raiva também não, agora uma traição seguida de ofensa? Que senso de justiça é esse, por mim acho que nunca me entregaria para a polícia, apoio o assassinato da garota, sem nenhum remorso. Não prego que esta deveria ser a atitude do Estado, mas com certeza a de honra pessoal, se alguém está descontente, se ninguém o agrediu verbal ou fisicamente, não se tem o direito de trair e humilhar, e se faz, deve ter conseqüências graves.


O único problema na história é o tal do professor, se ele sabia que ela namorava, nao merecia morrer, mas ficar preso por um assassinato que não cometeu é justo pra mim. Assim como ficar com os sentimentos de uma pessoa que não lhe pertenciam, ficou também com uma culpa que não era dele. Se quisessem ficar juntos, deveria romper com o personagem de Jim e depois seguir a vida em frente, se ele fosse o fanático, a história seria outra.


Ela mereceu a morte, como um homem em seu lugar também mereceria, Jim merecia a liberdade. Agora se o professor não sabia, deveria haver uma maneira de livrá-lo da acusação sem se entregar ou dar indícios de que estava envolvido. mas o roteirista não quis assim. Acho que nosso senso de justiça está invertido, nossa obssessões erradas e nossos números escassos. E você, qual sua posição, o que sente como justiça pessoal? Lembre-se de seus princípios e pensamentos, o que faria?

Mas Jim Carey manda bem em qualquer papel...

sábado, 7 de abril de 2007

Um Pan para (des)integrar as Américas

Pan: do grego “pantós”, tudo. Logo, Pan-Americano significa “toda a América”. Em tese, o que vai acontecer no Rio de Janeiro, de 13 a 29 de julho, é a reunião de atletas norte, centro e sul-americanos para outra disputa continental inspirada nos clássicos Jogos Olímpicos. Tudo isso é bonito, sim. Mas só “por fora”. Já que, “por dentro”, os gastos quintuplicaram e os funcionários fazem cada vez mais horas extras para finalizar obras bastante atrasadas.

Para se ter uma idéia, só em março eclodiram três greves: uma no estádio olímpico João Havelange, uma no Parque Aquático Maria Lenk e outra no Velódromo. Em todas elas, os empregados pediam a mesma coisa: condições melhores de trabalho e salários mais justos. Enquanto isso, o governo federal investe, em vez dos R$ 520 milhões, quase R$ 3 bilhões nas 16 sedes da competição, sendo que sete estão atrasadas e três podem nem ficar prontas.

Para os atletas brasileiros, a empolgação vai além. É óbvio. Afinal, é a segunda vez na história que o evento esportivo mais importante das Américas acontece no Brasil. E é claro, também, que haveria uma festa sem limites carimbada pela imprensa. Tudo bem, isso até vale para nós. Mas, quanto aos outros países, os verdadeiros “papa-medalhas”, o que acham desse Pan? A Federação de Basquete de Porto Rico, por exemplo, estuda mandar amadores para o Rio. Já a seleção de tênis do Canadá não virá. E o futebol terá um torneio só sub-20.

Na melhor das hipóteses, as outras nações americanas pensam em proteger seus atletas para as Olimpíadas de Pequim, na China, em 2008. Vá lá. Na pior, não estão nem aí e, aconteça o que acontecer no Rio, nada mudarão seus pontos-de-vista. Talvez seja hora de se rever o conceito de “Pan”. Talvez o Pan não seja mais necessário. Talvez a América – e, quiçá, o mundo -, prefira mesmo se desintegrar.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Uma vida sem liberdade

Deixando um pouco a parte o lado esportivo dos filmes, decidi escrever sobre uma produção dramática do diretor Estadunidense Steven Spielberg. Estrelado pelo ator Tom Hanks, que vive, Viktor Navorski, um indivíduo da Europa Ocidental, de um pequeno país chamado Krakozhia, o filme reproduz uma história verídica que aborta o dia a dia do personagem que se vê preso no aeroporto de Nova Iorque por não ter sua entrada liberada nos Estados Unidos.

Essa situação ocorre porque durante seu vôo, o governo do seu país sofre um golpe de Estado o que inválida seu passaporte, fator que se torna um empecilho para seu ingresso nos Estados Unidos da América. Outro fator complicador, é que além de proíbido de adentrar no país do Tio Sam, está impedido de voltar para a sua terra natal já que as fronteiras de seu país foram fechadas.

Impedido de sair do Terminal, Viktor passa a viver sua vida naquele mundinho, começa a observar a rotina de trabalho dos funcionários, encontra uma forma de ganhar dinheiro para poder sobreviver nessa situação em que lhe foi imposta. Privado de sair para mundo, Viktor é obrigado a arranjar uma maneira de levar seus dias e noites na condição em que se encontra.

Viktor instala-se no salão de trânsito Internacional do Aeroporto e lá fica durante 16 anos. Todos esses anos, observa as aberrações que ocorrem no local, ainda mais por ser um ambiente onde diariamente há um extremo encontro de gente, uma convivência forçada, onde as pessoas não tem identidade, estão sempre na correria o que faz com que esse contato com esse tanto de gente, se torne superficial, um ambiente que impossibilita o relacionamento entre os seres humanos.

Vivenciando um mundo de incoerências, generosidade, cobiça e diversão, o personagem passa por um drama pessoal, isso tudo porque sua liberdade foi cerceada, tirando de si o direito de ir e vir. Uma situação extremamente absurda, que mexe com a emoção das pessoas, que se envolvem com a situação difícil vivida por Viktor, que tem de encontrar alguma forma de sobrevivência nesse restrito mundo foi forçado a habitar.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Deus...


Analisei durante muito tempo muitas religiões. Infelizmente não consegui participar do culto de todas ao mesmo tempo, algumas eram um tanto incompatíveis, outras demoradas demais para que se pudesse adentrar círculos mais íntimos, acabei ficando na superfície mesmo, mas nada melhor que conversar com pessoas internalizadas para se ter uma visão mais ampla.


Perguntei muitas coisas a todas e, é claro, tivemos muitas divergências quanto ao que se podia ou não fazer em determinados locais, como deveriam ser punidos os injustos, quem eram esses desgraçados dos injustos, como Dan Brown deveria morrer, segurei braços empunhando facas sagradas pra acabar com minha raça impura e coisas do tipo.


A princípio fica um pouco difícil a compreensão do que vou dizer, mas todas as religiões e creñças tratam da mesma coisa. Não me refiro ao clichê bonito de que todos os nomes de Deus, na verdade, significam apenas uma entidade, não! Isso até pode ser, mas a questão é outra.

Das duas a uma, ou é apenas uma força mesmo que comanda tudo isso daqui, ou todas essas forças diferentes têm a mesma opinião quanto à vida.


Qual seria essa opinião? Simples: movimento! Em todas as histórias, sagradas ou não, em todos os filmes, de Hollywood ou não, em todos os livros, de Dan Brown ou não, algo sempre se repete e continua e continua: Moviemento.


Parece que no fim das contas não importa se você foi bom ou não, justo ou não, mas se você se mexeu, se viveu.


Matrix: o deus da Matrix, o arquiteto, ou a deusa, o Oráculo, só desejavam uma coisa: que ninguém ficasse parado. Ela não disse ao Neo, sente, permaneça sentado e danem-se todos os vasos, o arquiteto, mesmo instigando uma derrota e dizendo que ele nunca conseguiria nada, ainda jogou da melhor forma para que Neo não parasse, fosse dentro ou fora da Matrix.

Código Da Vinci, nao importa se Jesus foi ou não santo, com poderes e etc. O que interessa é que o movimento não pode parar, seja em seu nome, ou buscando o Graal (mesmo que seja a rede de lanchonetes).


O apocalipse só vai servir pra dar uma agitada nas coisas. Muito fogo, efeitos especiais, guerras, mas apenas para que ninguém pare. Por algum motivo misterioso, Deus, essa força, etc. não quer que ninguém pare até morrer. Para outros, como os espíritas, nem depois da morte você tem sossego. Para Candomblé, Umbanda, entre outros, depois da morte é que começa o trabalho: viagens entre dois mundos, pessoas para se ajudar ou prejudicar e coisas desse tipo.

Mesmo Machado de Assis já tinha reconhecido esse movimento e no seu livro Várias Histórias, no conto Entre Santos, onde o pessoal do outro lado não tinha descanso.


As igrejas com televisões de hoje ainda ressaltam e mantêm-se fiéis ao preceito de não parar e não deixam que seus fiéis parem... nem que seja para lhes pagar pela reza do agito!

Fé e Acaso (Filhos da Esperança)

Uma chama ainda acessa no fim do túnel ilumina
uma possibilidade de saída para águas mais brandas e límpidas.



Filhos da Esperança (Children of Men) ambienta-se em um mundo perdido de 2027, onde paira uma esperança legitimamente humana porém, aparentemente clandestina, em tempos de guerra e degradação social.

As tecnologias não são mais "high" o suficiente. A poeira do deserto, por fim, inavdiu a cidade. O caos evoluiu em detrimento da humanidade. Militarização unilateral, terrorismo, ativismo exarcebado, racionamento d' água, migração ilegal, violência gratuita, fome, frio, poluição, "bombas explodem toda vez que o governo acha ser necessário". Nós, que já fomos uma Pangéia, somos, em 2007, ops!, 2027, desolação, isolamento, distanciamento. Letargia aos pais da esperança. Refúgio aos nostálgicos.

O acaso vence a fé: não há mais crianças em casa ou nas ruas. A população mundial tornou-se infértil. Ou seja, não há prole, nem hereditariedade. Não há mais, a quem passar sabedoria e por que ou por quem zelar. A maior emoção da população reflete-se na comoção midiática sobre o último ser humano nascido do Planeta, em 18 anos. O showman morre. Atacado por um Fã. Que ironia condizente.

A fé move o acaso: Mas, o acaso retrocede e uma nova vida milagrosamente é gerada. Daí, resurge a fé no papel do herói e na pele da heroína da saga. Eles escrevem a trajetória e atravessam qualquer caminho necessário para alcançar o que conhecem apenas como Projeto Humano.

Coooooorta!

Assim, como em outras ficções - tão atuais - "Filhos da Esperança", retrata algumas conseqüências das quais estamos suscetíveis a enfrentar em um futuro que cada vez mais o passado tende a tornar presente. Causadas pelas inquietantes formas de manipulação que praticamos hoje, sem pensar no que se pode determinar para o acaso do amanhã.
O caos da infertilidade humana vai além da não-geração pelo seu próprio umbigo. Ela reflete o descaso com o respeito as leis da natureza, as fronteiras culturais e raciais, a liberdade de pensamento, ao livre-arbítrio da vida, de ser parte e ser feliz.


Quem ver o filme, me entenderá e viverá!


As águas iluminadas pela chama da pequena vela ainda irrigarão nossa plantação. E o futuro semeará ao acaso o que colheremos por meio da fé .


*: compromisso de fidelidade à palavra dada; lealdade; confiança absoluta em algo ou em alguém. ato de fé: gesto ou atitude que exprime a profunda convicção de uma pessoa em relação a uma causa ou a uma ideia.

*acaso: conjunto de fatos sem causa aparente que determinam um acontecimento; acontecimento cujas causas se ignoram; casualidade; ocasião imprevista; sorte; azar;destino.