quinta-feira, 10 de maio de 2007

E quem é fiel?




" ... seria um desastre para os pobres do mundo",
Conclui editorial publicado nesta segunda-feira (07) pelo jornal econômico The Wall Street Journal, a respeito da quebra da patente do remédio anti-Aids Efavirenz. A patente foi quebrada oficialmente, em forma de decreto, pelo presidente Lula, na última sexta-feira (04).
O Brasil alegou aos laboratórios (Merck Sharp&Dohme) , que os preços não são favoráveis.
O país tentava negociar a redução dos preços desde o ano passado, os laboratórios ofereceram cerca de 30% de desconto que foi considerado insatisfatório pelo governo federal, o próximo passo é importar o comprimido produzido na Índia, vendido a US$ 0,45, US$ 1,14 de diferença .

Mas, eai???? De que raios a Vanessa tá falando????

Pra quem assistiu ao filme, O Jardineiro Fiel, o paralelo fica claro e real. A obra, que é inspirada no best-seller de mesma graça, foi escrito por John Le Carré e traz a discussão dos laboratórios e o dinheiro que arrecadam...
Um Diplomata britânico substitui seu chefe em uma palestra à imprensa e conhece Tessa, uma jornalista (tinha que ser, né?) inquieta e contestadora que se exalta ao começar a questionar a morte de inocentes causadas por tropas britânicas nas intervenções pelo mundo afora, neste caso, no Iraque.
Tessa e Justin Quayle, tornam-se um casal. O Diplomata precisa viajar à Africa e leva a moça...

Como todo bom jornalista, que não sossega na frente da tevê, menos ainda da internet, Tessa, poeticamente, resolve viver para compreender os fatos. Se envolve com o povo africano, começa a observar o sofrimento, a política que direciona a região e tenta agir.
Engajada e absurdamente curiosa ela começa a vasculhar a distribuição de remédios na África. Para mim, maior adepta das idéias de que grandes conspirações dominam e anuviam o mundo, tudo faz MUITO sentido.


A idéia ofende os sistemas africano e britânico, um laboratório estaria produzindo e distribuindo remédios para curar a tuberculose sem que essas drogas tivessem sua eficácia completamente comprovada. Logo, as 'inofensivas' doses distribuidas 'gratuitamente' matavam algumas pessoas, e os governos sujamente interligados faziam de tudo para esconder as evidências.


As pessoas que morriam devido aos efeitos colaterais do remédio (efeitos não previstos devido a ausência de pesquisas adequadas) simplesmente sumiam do mapa. Eram enterradas em qualquer lugar que não se pudesse achar.


A trama se desenrola mostrando como funciona a teia corrupta que se compõe e se alimenta de sugar a miséria e a desgraça; os políticos, grandes empresários, bons e 'confiáveis' chefes de Estado. A forma como todo aquele que invadir o caminho do fluxo de capital e poder, deve se tornar apenas mais um entre os corpos jogados e esquecidos pela conveniência.


Um filme que nos faz refletir porquê os povos sofrem por tantos anos doenças tão avassaladoras. Afinal, se descobrem maneiras de viver em Marte, possibilidades de explodir o mundo pela fissão de um átomo, ou de incendiá-lo através do excesso de dióxido de carbono. Será que ninguém possui a cura para a AIDS, por exemplo? A doença 'incurável' que consome milhões por ano, tanto de pessoas como de dólares, o vírus maldito que enriquece tantos laboratórios e dá a tantos países títulos e mais títulos de 'aprendam como combater a AIDS'.


Suavemente parecido, o filme nos mostra a relação de governos, que deveriam zelar pela saúde de seu povo, com empresas privadas que zelam única e exclusivamente pela captação de lucro.
Lula tomou uma decisão interessante em quebrar a patente de um laboratório que vendia caro há anos, mas porque a demora em optar por outro medicamento? Como funciona a indústria que move a AIDS, que monitora sua proliferação e seu tratamento. O presidente pode ser inocente, mas como o filme mesmo diz: "Sempre disconfie dos laboratórios farmacêuticos" as cobaias humanas são melhores que quaquer ratinho, ainda mais quando se sabe que elas vão morrer mesmo...

4 comentários:

RDS disse...

Adorei o texto, não posso negar, mas agora estou preocupado com sua segurança heheh, poderia ter escrito com um pseudônimo.
Era moderna, capital movimentando tudo, ou almejando movimentar e controlar tudo, doenças são apenas uma forma de manter o sistema, drogas usadas para deixar pessoas na conformidade e nos estacionar em algo.
Melhor ocupar a cabeça pensando no que vc fez de errado para ter determinada doença que pensar politicamente... Agora tb devo estar em perigo rsrs
Beijos

Anônimo disse...

Ainda bem que todos vamos morrer mesmo...alias a cada dia estamos morrendo pelos nossos medos, pelas nossas próprias mãos, ou pela mãos de pessoas que nem se dão conta de que são meros mortais e que em breve eles e seus filhos estarão mal cheirosos... A AIDS só é mera coadjuvante com uma míssera participação nesse gigantesco caus.E pensando sempre em ver um lado bom pra tudo, pelo menos os aidéticos sabem do que vão morrer...ou acham que sabem.
Enquanto não me vem a pedra branca e fria que eu possa dar o melhor de mim. E já que temos que morrer que sejamos cobaias enormemente FELIZES!!!
Milhões de beijus, como sempre cheios de orgulho e admiração

Anônimo disse...

será que alguém tem uma foto do vírus da AIDS?
o que vejo é p...

Michele Roza disse...

Ótima escolha e texto melhor ainda!

Vi esse filme. E, também, sempre me incomodo com pensamentos sobre a África. Como ela é trabalhada pela mídia e como nunca vamos saber a verdade se não formos até lá, talvez.
É aquela “velha sabedoria”, “o que vc não vê, não existe”. Por isso que temos que ir em busca, custe o que custar desde que com convicção.
Eu sei q o texto não é especificamente sobra a África e sim sobre a indústria farmacêutica, mas não resisti.

Bjossssssssssssss no coração!