terça-feira, 29 de maio de 2007

Carta


Leia primeiro está folha para depois ver o resto! Leia tudo antes de rasgar, por favor!

Você deve saber quem te enviou isso, se não souber tudo bem. Vai descobrir em breve. Não vou colocar nome nesta folha e você deve jogá-la fora assim que terminar de ler, não é nenhum desses manuais de espiões, mas é para evitar problemas, afinal, sem esta carta o envelope seguinte não passa de literatura barata e objetos sem nexo.


Não me pergunte o porquê e também não espero resposta para esta carta, só achei que você deveria conhecer esse sentimento mais a fundo. Achei que você tinha o direito de conhecê-los mesmo que sejam ruins.


Eles não influenciam nada na sua vida atual ou futura. Quero que você os leia e veja por dois motivos: o primeiro é porque tenho certo orgulho deles, apesar de não terem muita qualidade eu me esforcei. O segundo motivo é o fato de você ter dado uma força para a construção deles em dois sentidos. Primeiramente você não deixou que eu desistisse, me incentivou, já faz tempo, mas você me disse que eu não deveria parar por ali, eu segui seu conselho, continuei. E em segundo, e não menos importante: você foi a inspiração base de tudo que está dentro do envelope. Você sempre é a inspiração maior do que me acontece. Se Gwen Stacy foi algo triste para o Parker, foi o que mais lhe ensinou e ele pôde amar Mary Jane depois (mesmo que o filme tenha distorcido esta parte da história. Você me ensinou, mas duvido que eu queira outra tutora.


Venho aqui apenas como um amigo. Estou te desejando sorte e tudo de bom que você merece. Acredite, estou dizendo, ou escrevendo isso, com um sorriso no rosto. Sei que não é muito normal esse tipo de coisa, mas eu não sou muito normal mesmo.


Eu só queria me despedir de maneira diferente e não sabia como, não sei o que vai acontecer a partir de agora, mas tenho medo do meu futuro. Tudo ao que me acostumei nesses anos acaba agora e não sei como reagir, mas as surpresas não podem ser de todo mal. Como eu não consigo mais te contatar, vim dar tchau e boa sorte desse meu modo.


Quero te pedir que não conte a ninguém quem lhe enviou isto. Quero te dizer para não ter nenhuma reação fora do normal e, se isso for um incômodo pra você, livre-se destas folhas de maneira discreta. Se não for atrapalhar nada, peço que tente ler e ignorar os erros de grafia, pontuação e etc. Tente entender tudo como uma viagem a outro lugar desconhecido, apesar da semelhança com a realidade.


Não quero que se ofenda por causa disto que estou lhe enviando, se ficar brava ou te prejudicar de qualquer forma peço perdão, só queria me despedir de maneira inovadora.
As bases de tudo foram fortes e reais, mas tudo aqui não passa de ficção e ilusão trabalhadas, afinal nossa vida é sempre um pouco disso. Os sentimentos reais se formaram em letras; dizem que não podemos desperdiçar nada.


Agradeço pela atenção e você já deve saber quem lhe enviou isto, é óbvio demais. NÃO quero que venha até mim para dizer que sabe que fui eu. Sei que você é inteligente e já sabe. Volto a dizer que desejo muita sorte e felicidade. Tente encarar como diversão. Na verdade, eu queria que alguém com quem eu me importasse tivesse visto algumas coisas minhas e essa foi mais uma razão. Essa coisa de nunca se alcançar o que um dia se pretendeu dá uma sensação de perseverança e inspira as pessoas a continuarem, mesmo sem o que elas já quiseram um dia!

É difícil entender o sentido do nunca, mas a gente acaba se acostumando. Depois de um querer singelo sobra um adeus não dito e um choro surdo e seco no peito, um resto de outono, uma noite sem sono. Espero que entenda. Foi legal e muito, quando precisar chame.


Não se esqueça de destruir esta folha depois de ler e entender.


Um abraço de... você sabe...

6 comentários:

Anônimo disse...

Renan, meu amigo...
Sabe esses textos que você lê de maneira aflita, com o coração apertado, e vai dando uns "trecos" quando vai chegando ao final da leitura?
Então... todo fim é meio ingrato mesmo. Você saber que dificilmente voltará a ver alguém que você teve contato durante um certo tempo é meio complicado. Até mesmo no serviço é assim, e você certamente vai passar por experiências deste tipo. Você trabalha durante anos com alguém. De uma hora para outra, a empresa pode demitir funcionários, eles podem pedir demissão, pode haver uma divisão na empresa, enfim... e alguém com quem você se dava bem vai embora. E dificilmente voltará a ver essa pessoa novamente. Isso já aconteceu comigo. Tava até pensando nisso antes vir pra faculdade, e, por coincidência, leio esse texto aqui.

"Na verdade, eu queria que alguém com quem eu me importasse tivesse visto algumas coisas minhas..."
Essa parte é magnífica. É a realidade de muitas pessoas. Gostariam de contar mais coisas para os outros, expôr pensamentos, angústias, demonstrar mais carinho, mas, por qualquer motivo, isso acontece. E quando você fala as coisas para as as pessoas e elas não acreditam? Ficam duvidando ainda...

Parabéns, mano.
Esse texto tá de derrubar o peão.

RDS disse...

As contradições da música me levaram a pensar naquelas pessoas que representam o bom e ruim para outras, não por quererem, mas pelas circunstâncias da vida. E por essas mesmas circunstÂncias é que as pessoas se vão, de uma maneira ou outra.
Pensei nos filmes também, em especial no homem-aranha, mas é difícil relacionar isso com algo mais chave da história. Existe uma diferença cabal entre o filme e a história nos quadrinhos. Gwen Stacy, a menina loira burra do filme foi na verdade a primeira namorada de Peter PArker. Ela foi o que havia de melhor e pior pra ele, por exemplo, ele nao lhe contou o segredo de sua identidade e ela acabou morrendo e ele carregou esse segredo pra sempre consigo.
Nossas vidas são um pouco mais comuns, não temos super poderes, mas com certeza temos os mais diversos segredos, ele tinha o seu, nós temos o nosso...
E as coisas da vida continuam, mas sempre queremos alguém pra entender e compartilhar algumas intimidades, algumas "coisas nossas" com alguém com quem nos importamos.
Valeu pelo comentário meu amigo e desculpe pelo aperto no coração, mas se doeu é porque vc também sente e quem sente está vivo.
Um grande abraço, meu garoto

Bianca Hayashi disse...

Seu post me deu um aperto no coração... parabéns!

Lindo, lindo, lindo!

Rose Soler disse...

Renan... esse seu post me deu uma tristeza... Me senti assim pq comecei a pensar na faculdade. Me dei conta de que metade do curso já se foi, e que falta menos da metade para terminar.
Que quanto mais o final se aproxima, mais incerto meu futuro se parece, e isso me assusta. Me assusta tanto quanto saber que um amigo que fiz hj pode não estar ao meu lado amanhã.
Ou que tudo o que desejei a vida toda pode virar poeira diante dos meus olhos. Que posso nunca alcançar o que tanto almejei..
Em resumo, esse seu post me fez refletir e relebrar que nada em nossa vida é definitivo. Tudo é transitório. E mesmo que a contragosto temos de nos acostumar com essa transitoriedade inevitável.

Lindo texto!! Bjs

Ps: Apareça mais vezes no "Fome de Quê?"..rs

Anônimo disse...

Apertou meu coração também!
Apertou porque nunca vi alguém disperdiçar tempo e palavras para fazer um texto que não chega a nenhum local.
Apertou porque não acho que sentimentalismo melodramático seja a proposta do blog que, no início, me atraiu pela proposta escrita no cabeçalho.
Entretanto tenho de parabenizar o autor... teve coragem de postar algo tão incapaz.

Sabrina Machado disse...

Lado masculino???

Tão sensível, quanto eu!!!

tem algo mais belo do que receber uma carta?

saber q é importante para alguém, fazer-se presente na ausência...

qnd alguém vai, o amor fica...

a lembrança, a saudade, logo desmancham a tristeza q no primeiro momento, parece querer dominar...

parabéns, pelo texto...lembre-se da nossa angústia!!!