quarta-feira, 18 de abril de 2007

Humildade não humilhação

Estamira é só o exemplo de um filme e de uma pessoa que mostra claramente o que a música (Fábrica) quis retratar.

Pobre? Não, miserável. Corajosa? Não, batalhadora. O documentário retrata o cotidiano de muitos brasileiros que têm de trabalhar diretamente com o lixo, inalando gás metano, que impossibilita até mesmo de ter vida rastejante por ali.

Ela trabalha num lixão e, com muito esforço consegue dinheiro para sobreviver. Aliás, podemos mesmo nomear isso de “sobrevivência”? Podemos fechar os olhos diante dessa realidade, que muitos insistem em não olhar, em não prestar atenção que do seu lado, tem alguém que pode morrer por não ter o que comer? Ou então, por morrer de infecção alimentar porque pegou algum alimento da sua única fonte, o lixo? Segundo Estamira, lixo é o resto e o descuido de toda a população. Então, porque algumas pessoas precisam pegar o resto dos outros?

A pobre mulher apresenta sim, problemas psiquiátricos. E tem como não apresentar? Existe uma saída para lidar com tudo isso sem enlouquecer totalmente? Ela acredita que falam com ela, que tem forças ocultas que coordenam e comandam tudo e, que Deus não existe. Para ela, está claro que não existe algo que a protege. Sua vida nunca foi fácil, sempre foi marcada por acontecimentos dolorosos e, que ela nunca conseguiu lidar.

Mesmo sem ter estudado, mesmo tendo um grande déficit intelectual, Estamira conseguia analisar cada questão de interesse global. Claro que de seu ponto de vista, que aqui, ninguém está para julgar se é certo ou errado. Mas o fato dela possuir uma ideologia, de lutar por ela dentro de suas condições...mostra que ela está a anos luz daqui. O ponto alto? Ela que afirma não admitir erros, judiação, perversidade e humilhação, não consegue imaginar uma vida fora dali. Sua vida começou ali e aparentemente, ali vai terminar.

Uma frase da célebre: “na escola não se aprende, e sim, se copia”. Tem como negar?

8 comentários:

Anônimo disse...

Primeiro comentário!

Ah, não sei o que dizer, esses humanos são muito estranhos... Uns comem lixo, outros filmam isso, terceiros comentam sobre os fimes, quartos comentam os comentários dos filmes...Há também alguém que assista, certamente.
E ainda tem essas escolas de fazer xerox, que triste.
Bem que podiam montar uma Escola Municipal de Estamira :)

:>

Anônimo disse...

O que me revolta mais não é a condição das pesoas sem oportunidades, mas aquelas que as tem e desperdiçam.

Não é preciso nem olhar muito longe, pois o Mackenzie é um reduto de pessoas que gostam de jogar dinheiro no lixo.

Célebre resposta de uma aluna para o professor de sociologia, ao explicar obras clássicas como Platão, Hobbes, Marx...

professor:
- O que vocês exemplificam como clássicos?

aluna 1, falando seriamente:
- Ah professor, sabe, um vestidinho preto, calça jeans...estes são clássicos.

Aluna 2, para completar:
- Professor, hmmmm...mas eu não entendi o que você tava falando antes! Quem veio antes afinal? Aristóteles ou Descartes?

Quem me dera estar brincando ou contando piadas.

Sabrina Machado disse...

Esse texto me lembrou a época de escola, em que nós assistíamos o documentário Ilha das Flores e achávamos engraçado a parte do polegar opositor q permite ao ser humano fazer disso uma pinça...Tal diferença faz com que ele possa pegar as coisas (lixo?) com mais facilidade!!!

Além da precariedade da situação de revirar o lixo e da escola (que serve pra copiar), o mais aterrorizante é a comodidade com essa situação...

"isso não é problema meu"

Como diria o poeta: "a humanidade é desumana"

Anônimo disse...

Estamira é mais um exemplo de que sobrevivencia....pelo fato dela ter que viver num lixão e assim extrair tudo de que ela precise .....

Estamira é mais um exemplo de exclusão social...dento de varios tipos de pessoas nesse pais.

Estamira é mais uma cidadã brasileira
....

RDS disse...

Acho que o polegar opositor está servindo mais para negar, negarmos nossa condição de humanos, negarmos nossa vontade em olhar para o lado. MAs deve existir esperança, mesmo que muitos achem que isso não é "nada de mais", como disse Renato Russo...
Bom, Silvia
Simples e direta como sempre
Beijos

Anônimo disse...

Sabe, documentários desse tipo me trazem uma sensação de desconforto; não apenas pelo fato de mostrarem uma realidade supreendentemente triste, revoltante, mas também por se tratar de uma visão burguesa disso. Não que as intensões não sejam boas, claro que não. No entanto, quantos de nós não ficamos tristes, mas continuamos por trás dos nossos teclados, falando mal do mundo e da internet lenta?

Unknown disse...

ta bem legal esse blog de vcs...
mas dessa vez eu nao li o q vc escreveu, Sílvia, pq ta muito grande... huahuauhuhauhahua...
bjos

Bianca Hayashi disse...

A gente tem mania de apenas idolatrar aquele cara que aparece na televisão, sem perguntar o que ele fez para merecer estar alí.

Diego Alemão? Tô fora!