sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Brisas da noite



Numa noite um tanto sombria, um tanto quente, mas com um vento que entrava por algum lugar debaixo das portas e gelava levemente os ossos, foi que percebi. Nessa noite teve início, como em todo filme, história ou conto é necessário um instante inicial.


Assim como uma aranha que picou o garoto, assim como nascer orfão que determinou a vida de um assassino, assim como a noite que caiu por um mês inteiro na cidade gelada. Foi naquela noite um tanto sombria que teve o início.


Toda história tem seu começo, seu meio, são, no mínimo, curiosas. Esperamos durante todo o percurso encontrarmos o fim, o desfecho. Mas não naquela noite.


Naquele instante não esperava um desfecho, um ponto final. O que passou a gelar os ossos, causar uma ansiedade surda e aquecer o peito não era um sinal de término.


E quando a porta se escancarou e pensei ter chegado o momento de alguma frase final foi que o vi, parado em minha frente, com olhos atentos e rápidos fazendo um cortês sinal como para que eu passasse. Não havia dúvidas, ele queria que eu andasse.


No cinza do quarto onde me encontrava, onde sozinho tinha de tomar a decisão foi que me enchi de coragem e caminhei, com a cabeça erguida e o peito cheio de certeza, como poucas vezes o fizera.


Ao passá-lo, olhei de esguelha e percebi um sorriso, a entidade estava satisfeita. Hoje descobri seu nome: Futuro...

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